Acerca de mim

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Gosto de sol e de flores. Não gosto do frio, nem de ir para a praia. Mas gosto de passear na praia. Gosto de música, de ler e de escrever. Adoro estar em casa a ver chover, sinto-me mais próxima de mim mesma. Não gosto de cozinhar, mas também não gosto muito de comer. Gosto de chocolate quente, e gosto muito de chocolate em barra. Gosto do campo, embora às vezes me encante a luz da cidade. Tenho medo de algumas coisas, às vezes muito medo. Sou suficientemente nova para subir a uma árvore, e suficiente velha para ter alguns traços marcados no rosto. A generosidade emociona-me, a falta de bom senso deixa-me triste. Um dia vou ter tempo para fazer tudo aquilo que gostaria de fazer já.

quarta-feira, 26 de agosto de 2009

Permanente eternidade


Quando, de costas, ouvi a tua voz, percebi que um dia teria uma história para contar.
Nos dias que se seguiram não te vi, mas procurei-te, sem que soubesses. Não foi difícil descobrir-te o nome, e a partir daí a localização tornar-se-ía, aparentemente, mais fácil.
Percorri todos os cantos da ilha, sentei-me em todos os bancos públicos e esperei ver-te passar. Em vão.
Foi num dia, em que a nossa rotina passou pelo mesmo lugar, que te pude sorrir. Sorriste-me, e trocámos umas palavras. Soube, anos mais tarde, que foi tão pouco para ti, que não registaste aqueles momentos, em que para mim o tempo parou. Com eles, vivo ainda hoje, tantos anos passados.
Mesmo escassos, os nossos encontros casuais alumiavam-me o caminho solitário entre os tempos. Esperava por eles, na certeza de que chegariam.
Houve uns tempos em que te perdi o rasto. O meu caminho foi-se tecendo, tendo-te apenas por imagem antiga, longínqua, resignada, absoluta.
Hoje, infelizmente, já não vivo a dimensão metafísica da vida. Mas, naquela altura, era disso que se tratava. Conhecia-te desde há muito, numa saudade infinita, que se sabia paralela a uma permanente eternidade.
Tornaste-me plenos, ainda que na distância, alguns anos da minha vida. Sem ti, sem te recordar na perfeição os contornos do rosto.
Encontrámo-nos, passado uns tempos, largos para uma vida que ainda se fazia curta, curtos para a imensidão da eternidade. E naquele ponto de tempo, os acasos fundiram a rotina, e pertencemo-nos.
Não durou muito. A imagem, feita por mim, à tua semelhança, e que me alimentava o sonho, era mais poderosa que tu próprio. E preferi-a, a ela. Ela, continua a moldar-me as certezas, ainda hoje. Permanece a imagem, que convive com a realidade, que se foi tecendo sem tumultos, ano após ano.
Hoje és uma sombra de luz descontínua, que acende e apaga quando dela necessito. Que me justifica as perdas, que me reitera as decisões.
Neste presente, em que te falo, és um sinal que trago marcado na pele. Podem levar-mo que continuo a viver da mesma forma. Desenhá-lo-ei com as minhas próprias mãos, para que possa continuar a sorrir-lhe, de longe, em silêncio.
Passados todos este anos, o acaso das nossas rotinas cruzou-nos, mais uma vez, o olhar, os sorrisos, e um pouco da vida. A tua vida, agora com rugas que não conhecia, que cada vez mais se confunde com o desenho que um dia fiz dela.
De tempos a tempos, retiro o desenho da moldura e acrescento mais um pequeno traço. Gosto de olhá-lo, e tentar senti-lo real. Quando, finalmente lhe sinto o cheiro, volto a colocá-lo na moldura, e saio.



foto de fernando dias

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